Manifestantes saem às ruas um ano após violência em Charlottesville
Em 12 de agosto do ano passado, centenas de supremacistas brancos se reuniram na cidade, causando uma morte
Centenas de ativistas e estudantes saíram às ruas de
Charlottesville, nos Estados Unidos, neste sábado (11/08), em manifestação
contra o racismo e a supremacia branca, um ano depois de uma marcha de extrema
direita resultar no atropelamento e morte de uma mulher.
"Dizemos basta ao racismo. O apoio aos movimentos
supremacistas brancos continua. Temos de continuar nos reunindo e lutando
contra esse flagelo", disse uma das estudantes organizadores da
manifestação, na Universidade da Virgínia, que transcorreu pacificamente.
Em 12 de agosto de 2017, centenas de supremacistas brancos –
incluindo neonazistas, skinheads e membros do Ku Klux Klan – se reuniram em
Charlottesville para protestar contra a decisão da cidade de remover uma
estátua do general confederado Robert E. Lee de um parque.
Os manifestantes de direita, do grupo "Unite the
Right", marcharam com tochas na mão pelo campus da Universidade da
Virgínia, gritando mensagens antissemitas e agredindo manifestantes contrários.
Heather Heyer, de 32 anos, morreu atropelada por um carro
conduzido por um simpatizante de extrema direita, e 19 pessoas ficaram feridas.
O número de mortos subiu para três quando um helicóptero da polícia que
monitorava o evento caiu, matando dois militares.
Em 12 de agosto do ano passado, centenas de supremacistas brancos se reuniram na cidade, causando uma morte (Foto: Reprodução/Youtube)
A marcha deste sábado uniu sentimentos de esperança, luto,
raiva e memória em Charlottesville. Muitos estudantes disseram estar
desapontados com o fato de a resposta policial neste ano ser muito maior que a
do ano passado.
"Por que vocês estão usando equipamentos antimotim? Não
vemos motim algum aqui", gritaram ativistas contra policiais que formaram
um cordão.
Kibiriti Majuto, representante da União dos Estudantes da
Universidade da Virgínia, disse que os alunos foram obrigados a se deslocar
para outra parte do campus porque não queriam ficar cercados no local onde
haviam planejado a manifestação.
Majuto afirmou que a polícia não estava do lado dos
ativistas no ano passado, quando supremacistas brancos cercaram manifestantes
contrários numa rotatória. "Policiais e [Ku Klux] Klan andam de mãos
dadas", disse.
Os eventos em memória da violência de um ano atrás incluíram
uma "manhã de reflexão e renovação" na universidade, com música,
poesia e um discurso do presidente da Universidade da Virgínia, James Ryan, que
pediu desculpas pela falta de ação da instituição em meio à violência de 2017.
Ryan lembrou como um grupo de estudantes e moradores
enfrentou supremacistas brancos perto de uma estátua de Thomas Jefferson no
campus, falando em "um momento notável de coragem".
Uma investigação independente liderada por um procurador
federal sobre a violência do ano passado apontou que o caos foi resultado de
uma resposta passiva das forças de segurança e falta de preparo e coordenação
entre as polícias estadual e municipal.
Neste primeiro aniversário dos acontecimentos, o mesmo grupo
"Unite the Right" planeja uma nova concentração para este domingo em
Washington, após não ter recebido autorização para realizá-lo em
Charlottesville.
Reação de Trump
O presidente americano, Donald Trump, se manifestou no Twitter
sobre o ocorrido em Charlottesville há um ano.
"Os tumultos em Charlottesville há um ano resultaram em
morte e divisão sem sentido. Precisamos nos unir como nação. Condeno todos os
tipos de racismo e atos de violência. Paz para todos os americanos",
escreveu.
Após a violência do ano passado, Trump foi alvo de críticas
ao incialmente condenar "o ódio e o fanatismo" e qualificar de
"terrível" o incidente, mas não citar expressamente os supremacistas
brancos que tinham convocado a marcha.
Neste sábado, filha do presidente Ivanka Trumo também
condenou a violência em Charlottesville via Twitter. "Enquantos os
americanos são abençoados por viver numa nação que protege a liberdade, a
liberdade de expressão e a diversidade de opinião, não há lugar oara supremacia
branca, racismo e neonazismo no nosso grande país."
LPF/rtr/ap/lusa/efe